Há exatos 15 anos, no dia 9 de abril de 2006, a torcida santista voltava a vibrar com a conquista de um título estadual após passar quase 22 anos sem a taça do Campeonato Paulista. Desacreditado, contou com momentos de genialidade de Vanderlei Luxemburgo, que apostou em um elenco sem estrelas, para superar o São Paulo, campeão do Mundo em 2005. No fim, o ineditismo da taça chegando de helicóptero na Vila Belmiro, marcou a competição para sempre.
Sem vencer um Paulistão desde 1984, o Santos havia sido campeão brasileiro de 2002 e 2004, vice da Libertadores de 2003, e vivia bom momento, apesar da temporada de 2005 ter sido ruim. Além de não conquistar títulos, viu sair, Léo, Elano e Robinho, últimos protagonistas dos títulos dos anos anteriores a deixar a Vila Belmiro. Quem estava de volta, após passagem frustrada pelo Real Madrid, era o técnico Vanderlei Luxemburgo.
Desacreditado, o experiente treinador montou uma equipe à sua feição à época: de poucos nomes importantes e destacados, porém aplicada, querendo mostrar seu valor. A combinação foi perfeita e, 22 anos depois, o título chegou apenas na última rodada do campeonato de pontos corridos. O adversário era o São Paulo, atual campeão paulista, da Libertadores e do Mundo e que iniciaria nessa temporada a caminhada do tricampeonato brasileiro.
Luxemburgo no foco
Sem uma grande estrela -o goleiro Fábio Costa estava de volta, o lateral esquerdo Kleber e o atacante Reinaldo eram nomes mais importantes- todas as atenções estavam voltadas ao treinador, que não se furtou em inovar em diversos momentos. Além de um time-base consolidado defensivamente, com três zagueiros, esquema pouco usual no Brasil, quase sempre o time de Vanderlei Luxemburgo teve apenas um atacante. O meio de campo povoado dava liberdade aos laterais, principalmente o esquerdo.
O auge das inovações de Vanderlei Luxemburgo foi na nona rodada, no clássico com o Corinthians no Morumbi. Favorito, o time do Parque São Jorge ficou confuso quando viu o Santos subir a campo com 12 jogadores. Preterido, Geílson ficou no banco de reservas, mas entrou quando Reinaldo, titular da equipe, se lesionou, e marcou o gol da improvável vitória, segunda de uma sequência de seis que colocou o time de fato na briga pelo título.
Disputa ponto a ponto
O grande rival na busca pelo título era o São Paulo, multicampeão no ano anterior, mas com o calendário apertado. Ao final da 14ª rodada, a vantagem santista era de apenas dois pontos. Há duas rodadas do fim, data do confronto entre eles, porém, a diferença era de quatro pontos e um empate daria o título ao time santista em pleno estádio do Morumbi.
Ainda com chances reais de título, o tricolor se impôs em casa em grande apresentação e venceu o futuro campeão por 3 a 1, frustrando os planos santistas naquele final de semana. A decisão do título se daria na última rodada, com o São Paulo enfrentando o Ituano em Mogi Mirim e o Santos recebendo a Portuguesa na Vila Belmiro.
Taça chegou pelo céu
Bastava ao Santos uma vitória simples sobre a ameaçada Portuguesa e a taça iria para a Vila Belmiro. O São Paulo precisava vencer e torcer ao menos por um empate na Baixada Santista para a taça ir para o interior. Com distâncias parecidas da capital paulista, um helicóptero ficou com a taça no Campo de Marte, esperando o resultado das partidas para saber qual seu destino.
Até os 23 minutos, a taça iria para o interior com o São Paulo vencendo o Ituano. Mas Cleber Santana, um dos símbolos de jogadores desacreditados que mostraram seu valor nessa campanha, abriu o placar para o time santista. Lateral esquerdo da Portuguesa, Leonardo marcou contra, ampliando o placar. Mesmo com a vitória tricolor por 2 a 0, o helicóptero com a taça desceu a Serra e fez parte da festa santista pelo título paulista que não chegava desde 1984. Confira a ficha do jogo.
Santos 2×0 Portuguesa
Data: 9 de abril de 2006;
Local: Estádio Urbano Caldeira, na Vila Belmiro, em Santos;
Público: 19.658 pessoas;
Renda: R$ 308.590,00;
Árbitro: Wilson Luiz Seneme;
Cartões amarelos: Esley (POR); Ronaldo Guiaro (SAN)
Gols: Cléber Santana 23’ e Leonardo (contra) 29’ do 1ºT;
Santos: Fábio Costa; Ávalos, Ronaldo Guiaro e Wendel; Fabinho, Maldonado (Heleno), Cléber Santana, Léo Lima (Rodrigo Tabata) e Kleber; Geílson (Magnum) e Reinaldo.
Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
Portuguesa: Gléguer; Jackson, Émerson, Bruno e Leonardo; Sandro, Alexandre, Rai (Esley), Cléber (Joãozinho) e Diogo; Johnson (Anderson).
Técnico: Edinho Nazaré.
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