Texto publicado no ge.globo.com
Adriano passou pela base do Grêmio e atuou profissionalmente por Juventude, Chapecoense e clubes europeus. No entanto, nunca disputou uma partida na cidade natal de Carazinho, localizada no noroeste gaúcho. Realizou o sonho neste mês, vestindo a camisa do próprio clube, no empate em 0 a 0 com o Nova Prata, na segunda rodada do estadual.
– É bacana porque a cidade nunca me viu jogar, né? Eu saí muito cedo de casa, então, na estreia, quando eu coloquei a camisa, até a minha mulher falou, “nossa, parecia o Neymar entrando em campo, todo mundo queria ver jogar”. Virou uma atração – brincou.
O sonho de criar o próprio clube surgiu da insatisfação de Adriano com a carreira de jogador. Enquanto jogava na Bósnia-Herzegovina, começou a fazer os primeiros rascunhos do logo e da infraestrutura do clube que desejava fundar, mas as ideias só saíram do papel em 2016.
– Quando eu fui para Bósnia, aos 21 anos, comprei um caderno para aprender a falar inglês e bósnio. E nesse caderno eu desenhei o clube, o estádio e até as placas de publicidade. Só que eu ainda não sabia que seria o 1992. No meu pensamento era para ser o Atlético Carazinho, um clube da minha cidade que estava abandonado e que era federado na Federação Gaúcha e na CBF – explicou.
Adriano não conseguiu adquirir o clube da cidade por entraves políticos e acabou por comprar o União Harmonia, de Canoas, que desde 2024, dá nome ao Clube 1992, de Carazinho. A agremiação conta com uma sede social que inclui academia, sauna, piscina, quadras society e de areia, além da estrutura de futebol.
– A gente montou primeiro toda a estrutura social em 2018 para trazer associados que ajudam a pagar a conta. No ano passado é que eu comecei a investir pesado no futebol e fui realmente para o meu sonho, pois já tinha uma estrutura para me sustentar. Comecei a trazer jogadores de fora e agora a gente está conquistando o selo de clube formador de atletas, já protocolamos na Federação Gaúcha e na CBF e só estamos aguardando a vistoria – detalhou Adriano.
Atualmente, o projeto atende cerca de 300 jovens do Sub-7 ao Sub-17, dos quais 40 residem nos alojamentos do clube. O projeto dispõe de salas onde são ministradas aulas de oratória, de inglês e de comportamento dentro de campo.
– A carreira de um atleta é muita curta, de no máximo 12 anos num alto nível. Então, a gente tem que trabalhar também a questão humana desses meninos. Coisas que eu não tive na minha carreira trabalho para oferecer a eles.
A partir da estreia na Terceira Divisão Gaúcha, o 1992 traça novas metas. O clube deu o primeiro passo na construção de um estádio próprio – hoje, manda os jogos no campo do Glória de Carazinho – e busca encerrar a temporada com a classificação à Divisão de Acesso do estadual.
– A gente está muito focado nessa questão de formar os atletas, mas a gente sonha muito com o clube subindo. Claro que temos os pés no chão, mas no máximo aí, em dois, três anos, já projetar um gauchão. Então, o estádio está vindo, recém fizemos a terraplanagem, as coisas estão acontecendo e o profissional tem que acompanhar esse processo – afirmou.
O próximo compromisso do Clube 1992 será domingo, às 15h, diante do Novo Horizonte, em Carazinho, pela quarta rodada do estadual. A equipe é a 4ª colocada do Grupo A com um ponto.
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