Texto publicado no site da FPF
Há exatos 30 anos, no dia 26 de agosto de 1990, Bragantino e Novorizontino faziam a primeira decisão de Campeonato Paulista envolvendo apenas clubes do interior de São Paulo. Na oportunidade, o time de Bragança Paulista, comandado por Vanderlei Luxemburgo, e com grandes nomes do futebol mundial como Mauro Silva, levava a melhor e ficava com o título da famosa “Final Caipira”.
“Foi um trabalho muito bem feito, estruturou muito bem o time, não só dentro de campo, com profissionais altamente qualificados fora de campo. Acho que é uma receita que os times do interior podem seguir”, disse Mauro Silva em Live do Paulistão em Casa.
Regulamento
Em 1990, os 24 clubes foram divididos em duas chaves de 12 equipes e no primeiro turno jogavam contra os do outro grupo. Na segunda fase, jogavam contra os adversários do mesmo chaveamento e os cinco melhores avançavam à terceira fase, com os demais disputando uma repescagem.
Na repescagem, os 12 clubes foram divididos em duas chaves e após jogarem entre si e contra os rivais do outro grupo, o melhor de cada lado retornava à disputa do Campeonato Paulista. Com 14 clubes postulantes ao título, as agremiações foram divididas novamente em dois grupos. Após turno e returno dentro da própria chave, o campeão de cada lado avançaria à final. Assim, o Bragantino, com 18 pontos, e o Novorizontino, com 16, protagonizaram a “Final Caipira”.
Final Caipira
Por ter melhor campanha, o Bragantino tinha a possibilidade de jogar por dois resultados iguais para ficar com o título. Após empate, por 1 a 1, na primeira partida, o campeão seria conhecido no estádio Marcelo Stéfani, em Bragança Paulista, que posteriormente passou a ser chamado Nabi Abi Chedid, local do atual Red Bull Bragantino.
Após um primeiro tempo franco, o Novorizontino se lançou mais ao ataque na segunda etapa, já que tinha a necessidade de buscar a vitória. Aos 21 minutos, Fernando se aproveitou de escanteio cobrado por Róbson e cabeceou para superar o goleiro Marcelo. Cinco minutos depois, o Bragantino chegou ao empate. Mário lançou Tiba, que invadiu a área e bateu cruzado para “devolver” a vantagem ao time local.
Com o término do tempo regulamentar, os clubes disputaram mais 30 minutos de muita emoção com oportunidades para ambos os lados. Apesar das chances criadas, o placar se manteve inalterado para a festa da torcida bragantina, que lotou o estádio Marcelo Stéfani.
“Aquele time do Bragantino era uma mescla de jogadores da base do Guarani, com nove jogadores, e os que vieram da base do Fluminense. Este foi o time que o Luxemburgo usou como base para o Campeonato Brasileiro Série B de 1989, ganhando o Paulista em 1990. O Vanderlei sai, vem o Parreira e esse time vai para a final do Campeonato Brasileiro de 91, então a estrutura que o Bragantino criou foi referência”, relembrou Mauro Silva.
Sucesso
Protagonistas em 1990, muitos personagens que estiveram presentes na ‘Final Caipira’ deixaram o seu legado no futebol mundial. As equipes eram comandadas por Vanderlei Luxemburgo, maior vencedor da história do Campeonato Paulista com nove títulos, e por Nelsinho Baptista, que venceria o Brasileiro com o Corinthians no mesmo ano.
Além dos treinadores, os jogadores também marcaram história no futebol como Mauro Silva, ex-volante do Bragantino, e Márcio Santos, ex-defensor do Novorizontino. Ambos foram campeões mundiais com a Seleção Brasileira em 1994, no Estados Unidos.
“A gente fala muito da necessidade do investimento, não só dentro de campo, mas na estrutura e na equipe profissional. O Bragantino realmente investiu em campo e o trabalho foi muito bom, tanto que, se você olhar na final, o banco de reservas tem o Pintado, que depois teve uma carreira incrível no São Paulo, o Silvio, que chega na Seleção Brasileira depois. Além disso, aquele Bragantino me negociou direto com o Deportivo La Coruña-ESP, negociou o Mazinho direto com o Bayern de Munique-ALE, ou seja, era um time do interior que já fazia negócios direto com os times estrangeiros”, finalizou o tetracampeão do mundo e atual Vice-Presidente da FPF, Mauro Silva.
Ficha técnica:
Bragantino 1×1 Novorizontino
Data: 26 de agosto de 1990;
Local: estádio Marcelo Stéfani, em Bragança Paulista;
Público: 15 mil pagantes;
Renda: Cr$ 8.400.000,00;
Árbitro: José Aparecido de Oliveira;
Gols: Fernando aos 21’ e Tiba aos 26’ minutos do segundo tempo
Bragantino: Marcelo; Gil Baiano, Júnior, Carlos Augusto e Biro-Biro; Mauro Silva (Franklin), Ivair e Tiba; Mazinho (Robert), Mario e João Santos. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
Novorizontino: Maurício; Odair (Edmílson), Fernando, Marcio Santos e Goiano; Marcão, Tiãozinho e Edson; Robson, Barbosa e Roberto Cearense (Flavio). Técnico: Nelsinho Baptista.
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